Norwegian Ninja

Norwegian Ninja 2

Norwegian Ninja (2010)
Títutlo original: Kommandør Treholt & Ninjatroppen
Dir.: Thomas Cappelen Malling

A chamada da capa (“dos produtores de Dead Snow“) foi o que despertou meu interesse em assistir o filme, já que a saga dos zumbis nazistas dirigida pelo Tommy Wirkola é uma grande diversão. Infelizmente Norwegian Ninja passa longe disso.

Baseado numa figura real, um político chamado Arne Treholt, que enfrentou inimigos internos e externos durante a Guerra Fria, o filme transforma Treholt num comandante ninja. Vivendo numa ilha paradisíaca com seus soldados, parte em diversas missões, salvando a Noruega de vários atendados sem que a população se dê conta do perigo.

O filme é narrado em forma de mockumentary, o que não agrega nada à trama e ainda deixa tudo tremido, a famosa “câmera com mal de Parkinson”. E de ninja não há quase nada, nem máscara eles usam, apenas uma roupa preta cuja parte de cima lembra vagamente um kimono. Há algumas lutas com movimentos de artes marciais, e o uso de algumas armas ninjas, mas nada memorável ou digno de nota. A melhor coisa do filme é o modo como Treholt utiliza aquelas bombinhas de fumaça para desaparecer. E só!

Norwegian Ninja não é o primeiro ninja nórdico. Em 84 a vizinha Suécia produziu Ninja – A Missão (The Ninja Mission), mas isto é assunto para uma postagem futura.

Por Heráclito Maia

Norwegian Ninja 4

Trailer:

Ninja 2 – A Vingança

ninja-shadow-of-a-tear10Ninja 2 – A Vingança (2013)
Título Original: Ninja: Shadow of a Tear
Dir.: Isaac Florentine

Em 2009, NINJA trouxe uma autêntica aura nostálgica para os fãs de cinema de ação classe B, homenageando especificamente os filmes de ninjas dos anos 80, como AMERICAN NINJA. Quatro anos mais tarde, o diretor Isaac Florentine reuniu-se mais uma vez com o ator Scott Adkins (a sexta parceria entre eles) para uma continuação que segue ainda mais o espírito old school dos filmes de ação. Em NINJA 2 – A VINGANÇA é impossível não pensar na Cannon Films na sua fase mais vulgar, lançando produções sem dinheiro cujo roteiro não passava de fiapos, mas era impossível não sair satisfeito, com um sorriso estampado na cara. A diversão era sempre garantida.

NINJA 2 eleva essa lógica a extremos. A história segue os acontecimentos do primeiro filme, com Adkins reprisando seu personagem, Casey, que agora é casado com a filha do seu antigo mestre. Tudo vai bem com o casal até que… bem, ela é assassinada logo nos primeiros minutos de projeção. E… bem, Casey passa o resto do filme numa jornada de vingança atrás dos responsáveis pela morte da mulher. A trama é apenas isso. Precisa mais?ninja2Obviamente um roteiro bem trabalhado, com alguma profundidade, por menor que seja, e que consiga fugir dos clichês sem perder o foco, que é manter a adrenalina do espectador às alturas, é sempre muito bem-vindo. Mas às vezes é até melhor manter a simplicidade, fazer o feijão com o arroz e garantir a diversão. Parece que o Florentine optou pela segunda opção. A única pretensão de NINJA 2 é entregar cenas de luta arrasadoras para o público desfrutar. E Scott Adkins alinhado ao talento e olhar de Florentine na condução de determinadas cenas só poderia resultar em sequências espetaculares de porradaria. Coisa realmente fina para o cinema ocidental e que só encontra equivalente no oriente.

Estamos falando de dois sujeitos que entendem do assunto. Desde o filme anterior, Adkins vem se consagrando como o ator ocidental com os melhores movimentos de artes marciais da atualidade, disparado. Só lamento Hollywood ainda não ter dado uma chance de verdade para o cara protagonizar um filme de ação e ganhar mais visibilidade com o público. Em produções de baixo orçamento, no entanto, o cara é o maior, sem dúvida alguma. Já o diretor Isaac Florentine dispensa apresentação. Basta conferir UNDISPUTED 2 e 3 para constatar porque eu o considero o melhor diretor de sequências de artes marciais do cinema realizado no ocidente. Portanto, em termos de ação e pancadaria acho que já está claro que NINJA 2 se garante.

ninja-2-shadow-of-a-tear_gallery19_mainNotei na época que o filme saiu que muita gente até considera este aqui superior ao primeiro. Se eu tivesse que escolher um dos dois, no entanto, fico com o anterior. Fazendo uma comparação, apesar de todos os elogios que faço a este aqui, NINJA me deixou uma impressão melhor e até como filme de Ninja é mais representativo. A história também era simples, mas um bocado mais elaborada e tinha um vilão interessante e nesses quesitos, NINJA 2 deixa a desejar. Mas isso não importa tanto, já que a pobreza do enredo é compensada com várias sequências de lutas de encher os olhos.

por Ronald Perrone

Poster

Poster-Ninja-II-Shadow-of-a-Tear

Trailer

NINJA em dose dupla

Textos diferentes, opiniões iguais, para este belo filme recente de NINJA.

24Ninja (2009)
Dir.: Isaac Florentine

Como é bom assistir a um filme que te deixa feliz não só em um, mas em vários momentos. Sorrir como eu sorri assistindo a NINJA chegou a ser medicinal para mim. Um dos principais motivos de eu apreciar tanto cinema B (e quebrar a cara um monte de vezes) é voltar ao tempo, me sentir de novo como aquele moleque que saía da escola na sexta-feira para ir na locadora se aventurar nas prateleiras empoeiradas dos filmes de catálogo. Era o tempo das VHS e se você acha que hoje em dia lançam coisa até demais, é porque não soube curtir essa época. Lançavam de tudo nas locadoras. Gosto muito de lembrar que foi só John Woo lançar O ALVO que os filmes do diretor feitos em Hong Kong foram sendo lançados aos poucos por distribuidoras como Reserva Especial, Penta Vídeo, Alpha Filmes e Flashstar. Foi também o tempo onde as fitas de Gary Daniels, Mark Dacascos, Michael Dudikoff, Lorenzo Lamas e Frank Zagarino disputavam a atenção dos blockbusters hollywoodianos.

Esse primeiro parágrafo acabou sendo bem nostálgico porque NINJA não deve ser encarado de outra maneira. Isaac Florentine é o cara, só mesmo alguém que sabe do riscado consegue a façanha de fazer seis filmes para a Nu Image e todos (repito: todos!) serem bons. Scott Adkins foi uma descoberta de Florentine em FORÇAS ESPECIAIS e a parceria deu tão certo que foi repetida em O LUTADOR (Undisputed 2) e OPERAÇÃO FRONTEIRA, onde Adkins encara Van Damme. O britânico também apareceu em ESPIÃO POR ACIDENTE, O MEDALHÃO, CÃO DE BRIGA, O ULTIMATO BOURNE e X-MEN ORIGENS: WOLVERINE, mas foram com os filmes de Florentine que ele teve maiores chances de mostrar o seu talento. NINJA é o primeiro filme maior de Adkins como protagonista, que mostra potencial para crescer mais, embora o roteiro empurre umas cenas dramáticas nele que só servem para enrolar e explicitam as suas limitações. Mais atenção na próxima, Isaac: papo não é o forte do sujeito.

26Em NINJA, a trama não passa de uma desculpa esfarrapada para uma sucessão de pancadaria e mortes a cada 5 minutos ou menos. Quando vemos o personagem Masazuka pela primeira vez, o seu ator Tsuyoshi Hara se esforça tanto pra fazer cara de malvado que a gente já sabe quem é o vilão. Temos uma Nova York mais falsa que o Milli Vanilli, pois tudo foi filmado em Sofia na Bulgária. A seita secreta apresentada ao expectador logo após o início só está no filme para fornecer capangas. E como se espera, entra em cena o representante da lei (Todd Jensen, figura carimbada nas produções da Nu Image) para atrapalhar a vida dos protagonistas do bem.

É por essas e outras que eu recomendo NINJA sem restrições a quem for maluco como eu e aprecia um filminho de ação besta e inofensivo para matar 1 hora e meia. Dentre as qualidades, a maior é a direção enxuta e firme de Isaac Florentine, que contraria as desgraças que QUANTUM OF SOLACE e os novos BOURNE fizeram com cenas de luta e ação tão mal dirigidas e elaboradas que chega a ser impossível acompanhar o desenrolar delas. Embora falho em momentos (a ação Ninja decepciona para um filme com esse título), NINJA cumpre a sua função principal: divertir. E isso é o que mais importa para os fãs do gênero.

Por Osvaldo Neto (texto originalmente escrito no blog Vá e Veja).

22Quem acompanha o meu blog Dementia 13 há alguns anos sabe do meu caso de amor com os filmes de ação old school dos anos 70, 80 e 90. De vez em quando, no entanto, acaba surgindo algum exemplar feito à moda antiga para alegrar meu pobre coração. NINJA foi um desses casos, um belo revival dos clássicos filmes oitentistas ao estilo AMERICAN NINJA, com um sujeito ocidental usando esses pijamas pretos com a cara coberta, tendo que demonstrar suas habilidades por algum motivo que não tem tanta importância. O que vale mesmo é a quantidade de vagabundos levando chutes na cara…

O único elemento que contextualiza a produção, tecnicamente, na época atual são os malditos efeitos especiais, embora sejam discretos, mais especificamente para recriar sangue artificial. No restante, NINJA funciona muito bem como filme de ação sem cérebro, divertido até o talo, com pancadarias a cada cinco minutos nos mais variados tipos de ambientes, desde becos escuros, terraço de um edifício ou o interior de um vagão de metrô em movimento.20As atuações são péssimas e Scott Adkins, apesar de promissor, segue a mesma linha de um Michael Dudikoff: melhor na ação que na dramaturgia. Mas isso é o de menos. Seu personagem, Casey, possui bastante semelhanças com Joe Armstrong do filme AMERICAN NINJA. Ambos são órfãos, recebem treinamento ninja e se apaixonam pela filha do mestre. Em NINJA, o protagonista ganha um desafeto com Masazuka, um oriental que tem inveja do americano, por isso tenta matá-lo em um ataque de raiva e acaba expulso da academia.

A grande motivação que os roteiristas encontraram para dar um gás à trama é uma caixa guardada pelo sensei, interpretado por Togo Igawa, cujo interior mantém os artefatos ninjas de um lendário guerreiro de tempos antigos. Bem, a caixa precisa ser transportada, Casey é o escolhido para a tarefa (juntamente com outros estudantes, inclusive a filha do sensei). É aí que Masazuka volta em cena para sua vingança.

04Masazuka é um vilão interessante, que consegue representar uma verdadeira ameaça para o herói. O filme ainda coloca uma seita religiosa no enredo da qual saem os capangas que Casey enfrenta. As sequências de lutas são o grande destaque, com ótimas coreografias e direção firme de Isaac Florentine, famoso por episódios de Power Rangers que dirigiu nos anos 90 e outros excelentes exemplares do cinema de ação direct to video, como SPECIAL FORCES e COLD HARVEST. Trabalhou também com Dolph Lundgren e um de seus últimos trabalhos foi THE SHEPHERD, com um baixinho belga que adoramos.

NINJA é diversão sem compromissos, sem grandes pretensões. Para quem não curte nem os autênticos clássicos dos anos oitenta, não suporta ver Franco Nero de bigode encarnando um ninja, não sabe o que é uma katana shinobi, não entende como aquelas pequenas estrelinhas matam tão rapidamente, etc… recomendo distância deste aqui! Caso contrário, sinta-se em casa.

Por Ronald Perrone (texto originalmente escrito no blog Dementia 13).

Poster

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Trailer

PS: todos os trailers do filme no youtube foram desativadas a opção de “incorporar na página”, portanto, para assistir, clique no link que aparece na mensagem.

American Ninja 5 – O Pequeno Ninja

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American Ninja 5 – O Pequeno Ninja (1993)
Título Original: American Ninja 5
Dir.: Bob Bralver

Ufa! Finalmente chegamos ao quinto e último filme da série AMERICAN NINJA! Já não aguentava mais escrever sobre sujeitos de pijama levando cacetada. Até porque depois do segundo filme, o nível da franquia cai absurdamente, com exceção do quarto capítulo, que ainda possui alguma graça, especialmente com o retorno de Michael Dudikoff (que não faz parte deste aqui, infelizmente).

Mas vamos lá. AMERICAN NINJA 5 possui duas peculiaridades principais:

a) É o único filme da série que não possui qualquer ligação direta com os demais episódios;

b) É o pior filme da série.

A questão “a” implica que agora tenhamos um novo protagonista. Ou seja, um outro americano que, por um acaso, possui conhecimento ninjitsu. Portanto, David Bradley não repete seu personagem, Sean Davidson, mas agora é um tal de Joe Kastle que o filme não faz muita questão de explicar suas origens, sua personalidade, mas acaba não fazendo muita diferença, já que versatilidade não está no repertório do ator em questão. É o Bradley… Ele poderia fazer Hamlet ou o Conde Drácula que seu desempenho seria praticamente o mesmo.

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David Bradley se esforçando para demonstrar uma expressão de regozijo.

A maneira como seu personagem entra na aventura, por exemplo, é simplesmente ridícula. Sabemos que Kastle mora num barco e treina karatê… e é só. Então, o Pat Morita, eterno Sr. Miyagi, que havia sido seu mestre ninja, lhe pede para cuidar de seu sobrinho durante um período de férias. Kastle também tem um encontro meio romântico marcado com uma garota que também possui um barco. Bem maior que o dele, aliás. Como os roteiristas deveriam estar passando por um periodo de bloqueio criativo, calhou da moça ser a filha de um cientista que precisa de uma motivação a mais para construir uma arma secreta para o vilão do filme. O sujeito não quer construir tal coisa, portanto, essa motivação acaba sendo o sequestro da sua filha. E, vejam só, que sorte, o sequestro acontece bem no meio do encontro com o protagonista!

American-Ninja-5-2Bradley e o moleque precisam agora resgatar a moça. Isso consiste em entrar escondido no avião que a moça está sendo levada – novamente para um país subdesenvolvido qualquer – lutar contra vários ninjas de roupa colorida, ensinar o moleque o caminho da arte ninjitsu, enfrentar o James Lew vestido de M. Bison e salvar o dia!

amninja54À primeira vista, pela descrição acima, AMERICAN NINJA 5 não parece corresponder tanto a questão “b”, a de ser um exemplar tão ruim. Já comentei filmes que parecem bem piores, mas que acabam divertindo exatamente pelo grau de ruindade. O que acontece aqui é a presença do então ator mirim Lee Reyes, o tal garoto que o Bradley precisa ficar de olho, mas que acaba entrando na aventura. O moleque é um pé no saco! Não tem carisma, não tem química com o herói, não serve de alívio cômico, só prestou mesmo para me irritar profundamente.

amninja56E é o FILME INTEIRO o moleque enchendo a paciência. A gota d’água foi a sequência que Bradley decide interromper a missão de salvar a moça e o cientista, que poderiam morrer a qualquer momento, para ensinar o moleque a lutar. O pior é que logo na cena seguinte, o puto já está lutando como um verdadeiro mestre e enfrenta vários capangas ao mesmo tempo! Sinto muito, mas é ridículo até para os meus padrões. Descupem-me, mas AMERICAN NINJA 5 não dá…

por Ronald Perrone

PS: Luiz Alexandre, prometo que é a última vez que falo mal do Bradley, em nome da nossa amizade. ❤

Poster:

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Trailer:

Guerreiro Americano 4

bc2a910b8ea57fbad4494f524fb577faGuerreiro Americano 4 (1990)
Título original: American Ninja 4: Annihilation
Dir.: Cedric Sundstrom

AMERICAN NINJA sem Michael Dudikoff é o mesmo que pizza sem Coca-Cola. Não dá jogo. Não teve David Bradley que o substituísse. Sendo assim, resolveram trazer o homem de volta para o quarto filme da série. Na verdade, parece que haviam algumas obrigações contratuais e Dudikoff não teve como escapar. Mas só a sua presença neste aqui já coloca AMERICAN NINJA 4 muito acima do episódio anterior.

No entanto, se notarem o cartaz lá embaixo, vão perceber que aparecem juntos o Michael Dudikoff E o David Bradley. Já que, infelizmente, o Steve James dessa vez não estava disponível, mantiveram o Bradley no elenco.

4b24656283a70897e957fc94ac4ca6f3Mas vamos à trama. Bradley começa AMERICAN NINJA 4 como suposto protagonista. Do capítulo anterior pra cá, de alguma maneira, seu personagem, Sean Davidson, se tornou um agente do governo americano. É, então, enviado a mais um país subdesenvolvido qualquer para resgatar um grupo de soldados americanos que foi capturado por ninjas comandados por um sádico e ganancioso militar britânico que toca o terror no local. E para mostrar a incompetência do Bradley, não demora muito para ele ser capturado e colocado junto com os reféns que ele deveria resgatar…

É aí que o governo americano convoca alguém que sabe das coisas. Um herói de verdade. É aí que entra o bom e velho Joe Armstrong de Dudikoff. O sujeito chega no local, arrebenta com todos os ninjas que aparecem à sua frente, se junta a um bando de rebeldes vestidos de figurantes de MAD MAX, invade a base de treinamento ninja, encara o mestre ninjitsu – algo que nunca pode faltar – derruba o poderoso vilão, resgata todo mundo que o Bradley deveria resgatar, inclusive o Bradley, e caminha em direção ao por do sol. The End.

630d18a20e6a8d1b061bd5c3dbfc587eA direção de AMERICAN NINJA 4 ficou sob a responsabilidade do mesmo indivíduo do filme anterior, Cedric Sundstrom. Pelo visto, ele aprendeu com seus erros. De uma forma geral, as sequências de ação até que não são ruins. Claro, elogio uma evolução do Sundstrom na direção mesmo tendo consciência de que falta muito feijão para o sujeito ser um Sam Firstemberg. No entanto, o filme possui algumas lutas bem encenadas, uma boa dose de tiros e explosões, alta contagem de corpos que vão dar conta de divertir o público certo.

Só para dar um exemplo, há uma cena em que um grupo de ninjas ataca Dudikoff. No meio da luta, dois ninjas seguram os braços do herói enquanto um terceiro lhe atira uma flecha. O protagonista simplesmente segura o objeto com os DENTES! E não é só isso! Com um movimento de cabeça, ainda com a flecha presa na arcada dentária, ele consegue “apunhalar” o pescoço de um dos ninjas! Expliquem-me, como não gostar de um filme que possui uma cena dessas?

Em comparação com os dois primeiros AMERICAN NINJA, este aqui ainda perde feio, mas tem lá sua graça, especialmente depois que Dudikoff entra em cena. O quinto filme volta a ser do David Bradley. E volta a ser uma grande decepção também…

por Ronald Perrone

Poster

American Ninja 4 The Annihilation (1990)

Trailer

Guerreiro Americano 3

bscap0000Guerreiro Americano 3 (1989)
Título Original: American Ninja 3: Blood Hunt
Dir.: Cedric Sundstrom

Já começamos mal neste AMERICAN NINJA 3 pela ausência de Sam Firstenberg na direção, que não era lá um John Woo, mas pelo menos comandou os dois filmes anteriores muito bem à sua maneira. E também sentimos falta do protagonista Joe Armstrong, encarnado pelo Michael Dudikoff, que resolveu dar um tempo para não ficar tão marcado pela série. Só que o sujeito se deu mal. Além de não conseguir deslanchar a carreira (a não ser em produções de baixo orçamento), dificilmente não terá seu nome associado à série AMERICAN NINJA.

NTU0MTk1NTUz_o_american-ninja-3-killcountMas antes fossem apenas esses os principais problemas de AMERICAN NINJA III. O filme é decepcionante em vários sentidos. De qualquer forma, chegamos até aqui na saga dos ninjas americanos, dirigido agora por um tal de Cedric Sundstrom. Você leu direito, eu escrevi “ninjas” no plural. Porque o lugar de Joe é ocupado agora por Sean Davidson, vivido por David Bradley, que na infância viu seu pai ser assassinado e acabou sendo criado por um mestre ninjitsu e agora temos um novo ninja americano. A história transcorre com ele já adulto, indo a uma ilha paradisíaca para disputar um torneio de artes marciais, sem saber que, na verdade, um magnata da indústria farmacêutica pretende encontrar o lutador mais forte para que possa carregar uma arma biológica em seu corpo.

Ah, um detalhe importante. O bandido comanda um exército de ninjas, é claro!

Sean mal faz sua primeira luta no torneio e já se torna alvo. Por algum motivo, o vilão ignora a presença de Curtis Jackson no local, obviamente muito mais forte. Sim! Ao menos Steve James marca presença por aqui. Além dele, temos um lutador americano amigão a quem Jackson se refere como Júnior e uma ninja japonesa que trabalha para o magnata, mas decide virar casaca e ajudar Bradley e sua turma.

ad5434bb52ee4793d9a5b63ad3255e93A trama se desenvolve de maneira bem tola, como nos dois episódios anteriores. Mas por conta de alguns fatores, a coisa não corre muito bem. O diretor e o astro dos outros filmes realmente fazem falta, mas as cenas de luta também comprometem a diversão, são bem amadoras e sem graça, o filme não possui aquela energia das sequências de ação como em AMERICAN NINAJ I e II e não tem mais a química entre os personagens. A coisa pode ficar ainda pior quando se faz uma maratona com todos os filmes em sequência. Assistir a este terceiro logo após os dois clássicos que o precedem é pedir para se aborrecer.

Será que o pessoal da Cannon precisava mesmo de mais título AMERICAN NINJA? E por que colocar um sujeito que ninguém conhecia na época como protagonista numa série que, naquela altura, era famosa, fez bastante sucesso? David Bradley até realizou alguns filmes legais mais tarde, como HARD JUSTICE, mas nunca conseguiu substituir o Dudikoff… Faria mais sentido se pegassem apenas o personagem do Steve James e fizessem uma aventura só pra ele… mesmo que não tivesse mais um “ninja americano”.

americanninja31989dvdriwh3Enfim, AMERICAN NINJA III só não é a ovelha negra da série porque o quinto capitulo consegue ser muito pior. Aqui, pelo menos, temos Steve James badass distribuindo tiros e porrada em ninjas. O que já vale uma espiada para quem é fã do sujeito ou completista da série.

por Ronald Perrone

Poster:

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Trailer:

A Volta do Guerreiro Americano

bscap0022A Volta do Guerreiro Americano (1987)
Título Original: American Ninja 2: The Confrontation
Dir.: Sam Firstenberg

AMERICAN NINJA 2 foi reprisado um zilhão de vezes na Sessão da Tarde, no fim dos anos 80 e início dos 90, e devo ter conferido todas! Ok, exagero… Mas bastou colocar o filme na agulha há algum tempo atrás para rever e as suas cenas e imagens começaram a surgir na minha mente de maneira nostálgica, como se eu estivesse retornando a um lugar muito familiar…

A continuação de AMERICAN NINJA, realizado dois anos depois, reúne novamente o diretor Sam Firstenberg e o astro Michael Dudikoff, numa aventura mais simples, com mais ação e muito mais do melhor que já havia no filme anterior: STEVE JAMES! Dessa vez ele deixa de ser apenas um coadjuvante cool e badass e passa a ser um parceiro inseparável cool e badass, que divide a tela com o herói em quase todos os momentos. E quanto mais Steve James, melhor!

bscap0010Na trama, Joe Armstrong (Dudikoff) e Curtis Jackson (James), em missão para o governo americano, são enviados a uma base da marinha numa ilha caribenha para tentar desvendar os misteriosos sequestros de fuzileiros navais norte americanos no local. Ninguém faz a menor ideia dos motivos e quem está por trás desses atos. Mas nós sabemos. São os Ninjas!

bscap0011Na verdade, o que temos aqui é um lance meio sci-fi. Trata-se da operação de um cientista maluco que pretende utilizar os soldados sequestrados como cobaias para fazer experiências de clonagem, criando uma nova raça de super ninjas! Porque o negócio é complicado… Se depender dos ninjas dessa franquia, como visto no filme anterior, os bandidos estão perdidos! Até o faxineiro do quartel consegue chutar a bunda desses ninjas de araque. E em AMERICAN NINJA 2, a coisa segue pelo mesmo caminho… acho que é por isso que estão tentando criar super ninjas. É, agora sabemos os motivos. Só me falta desvendar que “confrontation” é esse do título original… há uns 50 confrontos durante o filme!

Enfim, assim que chegam à ilha, Joe e Jackson percebem como as coisas funcionam. Uma moleza! Os fuzileiros não querem chamar a atenção no local e usam roupas de surfistas para despistar. O próprio comandante da base, Wild Bill, dá o exemplo:

bscap0012 (1)A primeira missão dos dois heróis, como forma de tentar descobrir os mistérios dos sequestros, é dar um mergulho numa praia paradisíaca. Ainda bem que de vez em quando o enredo nos lembra que estamos vendo um filme de ação. Portanto, não demora muito para que alguns ninjas entrem em cena para que Joe e Jackson lhes dêem uma bela surra.

bscap0013E aos poucos os dois protagonistas vão fazendo descobertas, tendo ajuda das obviedades do roteiro. É possível que AMERICAN NINJA 2 seja ainda mais bobo que anterior, com uma trama básica, que é só um fiapo, mas compensada pela quantidade de sequências de luta. E em comparação com o primeiro filme, o nível das lutas é um pouco melhor. Especialmente as protagonizadas por Michael Dudikoff, que agora exibe uma movimentação mais convincente.

Já o seu desempenho dramático permanece o mesmo, com aquela expressividade que faria Steven Seagal sentir inveja. Como action hero consegue passar segurança tranquilamente. Mas o grande destaque é Steve James. É ele quem fornece todo o carisma que falta a Dudikoff. O sujeito é engraçado, enegético e badass ao mesmo tempo. Algumas das melhores sequências do filme estão sob sua responsabilidade, seja para soltar uma frase de efeito ou quebrando braços de ninjas. Como disse no texto de AMERICAN NINJA, Steve James é o cara!

bscap0015No entanto, os vilões de AMERICAN NINJA 2 não são tão marcantes quanto poderiam ser. Temos novamente outro mestre da arte ninjitsu, dessa vez interpretado por Mike Stone, que até consegue ser ameaçador, mas lhe falta alguma coisa. Talvez uns raios lasers da manga do seu uniforme ninja (apesar de apelar para uma escopeta na hora do desespero). E o cabeça da operação maléfica, conhecido como The Lion, está longe de ser um daqueles bandidos com personalidade que geralmente este tipo de filme possui.

bscap0018 bscap0019Mas no fim das contas, esses e outros detalhes passam batido. AMERICAN NINJA 2 está tão empenhado em criar um espetáculo de pancadaria que acaba sacrificando alguns pontos que poderiam ser melhor explorados. Mas ao mesmo tempo, o resultado é um filme de ação movimentadíssimo do início ao fim, com destaque para o porradeiro na praia, as duas sequências de luta que acontecem num bar, e o gran finale, mais uma vez um exército ninja enfrentando um grupo de fuzileiros enfezados enquanto Dudikoff faz um duelo com o mestre ninja. Talvez não seja melhor, mas AMERICAN NINJA 2 consegue ser tão divertido quanto ao filme anterior. O mesmo já não se pode dizer do terceiro… Mas é assunto para um próximo post…

por Ronald Perrone

Poster:

1987-american-ninja-2-poster1

Trailer:

Guerreiro Americano

bscap0007Guerreiro Americano (1985)
Título Original: American Ninja
Dir.: Sam Firstenberg

Em uma época em que os adeptos da arte ninjitsu bombavam nas telas de cinema e vídeo locadoras, AMERICAN NINJA, produzido pela saudosa Cannon Group e dirigido por Sam Firstenberg, teve a proeza de ser um dos mais representativos exemplares realizados no ocidente. Pelo menos é a impressão que eu tenho. É um daqueles filmes que bate uma nostalgia boa dos velhos tempos, de quando éramos crianças, chegávamos em casa depois da aula e podíamos assistir a um filme de luta passando na TV.

Curiosamente, apesar do meu gosto por esse tipo de produção, nunca mais revi AMERICAN NINJA depois daquela época, até que o fiz há uns dois anos atrás. Podemos dizer que ainda se trata de uma obra prima para o olhar ingênuo e infantil, mas vê-lo hoje é perceber como é muito mais bobo do que se espera e cheio de falhas. Mas por que estragar a diversão importando-se com esses detalhes? É exatamente o fator “tão ruim que chega a ser bom” que dá um charme interessante… O negócio é relaxar e deixar a coisa acontecer.

bscap0004Vamos falar sobre Joe. Michael Dudikoff, hoje praticamente esquecido, interpreta Joe Armstrong, um sujeito aparentemente calmo, caladão e sereno, que gosta de ficar na sua, prestando serviços como bom soldado do exército americano numa ilha qualquer do pacífico. Ah, um detalhe importante sobre Joe: ele é um ninja. Não se sabe como nem porque adquiriu as habilidades ninjtsu, já que sofre de amnésia, mas quando surge necessidade, luta como um mestre ninja, sabe utilizar qualquer tipo de arma ninja, consegue espreitar como um ninja, segura com a mão flechas ninjas atiradas em sua direção, enfim, ele é um ninja. E é americano. O que faz dele o AMERICAN NINJA!

American-NinjaNa trama, o alto escalão do exército se envolve com um traficante de armas – que por um acaso possui um campo de treinamento ninja no quintal – para praticarem vendas de mercadoria bélica do exército no mercado negro. A sorte é que Joe descobre tudo e começa a atrapalhar a vida dos bandidos de várias maneiras possíveis.

Joe conta com a ajuda de Jackson, interpretado pelo grande Steve James. A princípio, os dois não se dão muito bem e Jackson tenta lhe dar uma surra. Mas acaba facilmente derrotado e, como resultado, tornam-se grandes amigos. E Dudikoff vá me desculpar, mas Steve James é o cara! Sempre foi. Em todo filme que aparece rouba facilmente a atenção para si e aqui não é diferente. Sua morte prematura, aos 41 anos, foi uma das grandes perdas do cinema de ação classe B, no início dos anos 90, devido a um câncer no pâncreas.

american-ninja-8Já o Dudikoff, apesar de não ser lá grande coisa como ator, até consegue demonstrar algum potencial como herói de ação. Os roteiristas ainda lhe fizeram o favor de lhe dar poucas falas, apenas o essencial, o que ajuda bastante. Mas é um sujeito que, aparentemente, administrou mal sua carreira e, ainda que sempre estivesse presente no cenário de ação menos abastado, deixa a impressão de que poderia ter ido mais longe. Um fato curioso é que a escolha inicial para viver o ninja americano do título era ninguém menos que Chuck Norris (e o diretor, Joseph Zito, a mesma dupla de INVASÃO USA e da série BRADDOCK). Esse tipo de peça publicitária chegou a veicular na época:

norris2

Outro destaque de AMERICAN NINJA é o nemesis de Joe, o mestre ninja que comanda o exército inimigo, encarnado por Tadashi Yamashita. O sujeito é tão mau que mata sem piedade até seus próprios aprendizes em um treinamento demonstrativo, só para provar seu grau de malvadeza insana. Imaginem o que não faz com seus inimigos. E o que é um filme de ação dos anos 80 sem um vilão corporativo, homem de negócios? Don Stewart ficou com a responsabilidade de interpretar Victor Ortega, o traficante de armas sem coração que sequestra até a filha do coronel para concluir seus negócios. Ainda no elenco temos John Fujioka, como o mestre de Joe, e a belezinha Judie Aronson, par romântico de Joe, que usa umas roupas para nos lembrar que estamos vendo um filme dos anos 80.

bscap00066sqww3qÉ preciso analisar com calma a questão da ação em AMERICAN NINJA. Sam Firstenberg não é nenhum Corey Yuen ou Chang Cheh, portanto, não esperem elaboradas sequências de luta ou que Dudikoff apresente complexos e acrobáticos movimentos de artes marciais. Alguns momentos de porrada são tão fajutos que os ninjas dão a impressão de que nunca deram um soco na vida! É fato que o próprio Dudikoff não sabia encenar um mísero chute com estilo antes de começarem as filmagens.

No entanto, se a ação não é de alta qualidade, também está longe de ser uma porcaria, e a quantidade de sequências do tipo se encarrega do resto. Até porque Firstenberg sabe criar um espetáculo com todos os ingredientes necessários que o gênero permite. Há uma abundância de pancadarias, pelejas com armamento ninja, tiroteios, explosões, perseguições do tipo que o carro mal encosta numa árvore e já causa uma tremenda explosão, além de uma batalha de proporções épicas ao final, com o exército ninja e os capangas de Ortega enfrentando os soldados americanos.

6kh1ycz bscap0008O confronto final entre Dudikoff e Yamashita, ambos vestido com o pijama preto ninja, é sensacional. O vilão possui vários truques inacreditáveis escondidos na vestimenta, como um lança-chamas (!!!) e até um raio laser que dispara pra cima do herói. E a cena que Steve James entra na batalha disparando tiro para todos é totalmente badass!

bscap0005Independente se você é criança ou adulto (contanto que seja um admirador de cinema de ação classe B), uma coisa é certa. Quando sentas para assistir a AMERICAN NINJA, noventa minutos de pura diversão são garantidos. Não espere nada mais além disso. Se você tiver seis anos então, vai querer sair por aí experimentando a arte ninjitsu com os amigos. Eu já estou um bocado velho pra isso, mas lembro perfeitamente que na época que assisti a esses filmes de ninja pela primeira vez, uma das minhas profissões dos sonhos era ser… NINJA! Mas o americano! Os japoneses, pelo visto, são bem mequetrefes!

por Ronald Perrone

Poster:
american ninja poster
Trailer:

Duel to the Death

vlcsnap2011020700h45m15Duel to the Death (1983)
Título Original: Xian si jue
Dir.: Ching Siu-Tung

Seguindo a linha de bizarrices, como NINJA: THE FINAL DUEL, filme que o Herax postou ontem aqui no blog, não poderíamos deixar de fora o DUEL TO THE DEATH.

No enredo desta produção de Hong Kong, existe uma tradição na qual a China e o Japão resolvem suas diferenças à base do duelo. O melhor espadachim da China encara o maior samurai do Japão num confronto mortal. Mas como o especial do blog é filmes de NINJA, a nossa história começa com um bando de encapuzados, na calada da noite, invadindo uma escola chinesa de kung fu em busca de alguns pergaminhos ultra secretos, que guardam segredos milenares…

Como sabemos, ninjas geralmente são japoneses, portanto, a partir destes eventos iniciais, cria-se mais um motivo para um novo duelo entre os dois países. De um lado Li Chi Wan (Damian Lau), um espadachim chinês conhecido como The Lord of the Sword; do outro, o samurai japonês Kada Hashimoto (Norman Chu), que embarca numa jornada até a China para enfrentar seu oponente. O filme ainda apimenta a situação com uma conspiração política nos bastidores da luta, que consiste na tentativa do Japão em dominar a China, enviando um exército de ninjas pra lá.

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Como podem notar, a trama de DUEL TO THE DEATH até que não é tão fantasiosa como um ZU: WARRIORS FROM THE MAGIC MOUNTAIN (1983), do Tsui Hark. É a maneira como as situações são representadas de forma surreal dentro de contextos aparentemente realistas que torna o filme bizarro, especialmente quando se trata de personagens que desafiam todas as leis da física em cenas de lutas old school estonteantes.

Com isso, DUEL TO THE DEATH acaba por se tratar de um dos exemplares mais absurdamente malucos do cinema de artes marciais. Mas diferente de NINJA: THE FINAL DUEL em um aspecto específico: orçamento. As únicas semelhanças são as ideias bizarras e o fato de ter a palavra “duel” no título. Quando se trata de dinheiro para produção, percebe-se claramente que os realizadores deste aqui tiveram um bocado de grana pra gastar. E aproveitaram esse ponto da melhor maneira possível. O filme transmite uma liberdade criativa quase subversiva, dá a impressão de que qualquer viagem alucinógena que os caras tinham na concepção de algumas cenas era transformada em imagens. E é isso que torna DUEL TO THE DEATH tão memorável – embora mesmo que não houvessem os exageros absurdos de encher os olhos, o filme já teria qualidade elogiável, pelo magistral trabalho de câmera, montagem, atmosfera, coreografia de lutas, visual alucinante, trilha sonora, tudo de uma grandeza cinematográfica notável.

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No que concerne ao tema do blog, todos os mitos que envolvem o universo das habilidades ninjas, por exemplo, são maximizados à potência mais elevada possível. Eles voam, são exageradamente sorrateiros, desaparecem e aparecem quando bem desejam, explodem seus corpos em ataques kamikases; só para terem uma noção, há uma cena lindíssima, onde um ninja gigante surge para encarar um monge e, de repente, se transforma em vários ninjas de tamanho normal. Durante o combate, um dos ninjas tira a roupa e se revela uma mulher pelada, fazendo com que o pobre celibatário monge feche os olhos e seja capturado. Simplesmente genial.

E não pára por aí: temos cabeça decepada falante, incontáveis cenários oníricos, violência estilizada, efeitos especiais incríveis, DUEL TO THE DEATH mantém até o último minuto tanto um ritmo frenético de ação quanto ideias bizarras do subgênero wuxia deixando o espectador num estado de graça, extasiado. Por fim, o derradeiro e mortal duelo nas rochas é algo digno de qualquer antologia, não somente dos filmes de artes marciais, mas do próprio cinema.

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por Ronald Perrone

Poster:

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Trailer:

Ninja: The Final Duel

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Ninja: The Final Duel (1986)
Título original: Ren zhe da
Dir.: Robert Tai

Nos segundos iniciais imagens de lutas e uma narração em off explicam que ninjas japoneses tentaram invadir um monastério Shaolin na China, mas não obtiveram sucesso. A desonra foi tanta, que seu líder acabou praticando harakiri. Surge então um novo grupo de ninjas disposto a vingar a derrota. Para engrossar o caldo, um monge japonês lutador, Wang, interpretado pelo Alexander Lo, é enviado à China para ampliar seus conhecimentos em artes marciais, e claro, acaba auxiliando os shaolins na guerra contra os ninjas.

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A fim de ilustrar o quanto cada um desses grupos / indivíduos são casca-grossas, o filme começa mostrando cenas de treinamento e combates. As habilidades dos ninjas são assustadoras: escalam montanhas com facilidade extrema, cavam buracos e se locomovem por baixo da terra em alta velocidade, saltam entre as árvores como macacos (porém usando máscaras de tigres!), e o melhor de tudo: para atravessar rios ou mares, utilizam aranhas gigantes que pulam como pulgas sobre a água!

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Já Wang, o nosso protagonista, como teste final antes de partir para a China, enfrenta sozinho todos os monges lutadores de seu clã e leva uma boa surra. Porém mostra o quanto é abnegado e corajoso, não desistindo nunca. Detalhe que seus oponentes se movem em bloco, de forma precisa, incluindo a formação suástica (que aqui remete ao sentido original místico do símbolo, e não ao nazismo).

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Já em solo chinês, antes de conseguir adentrar o templo budista, Wang e um parceiro de viagem conhecem dois monges californianos com visual de hare krishnas! Como de hábito nos filmes do gênero, antes da amizade vem a porrada, e o quarteto troca alguns sopapos até se depararem com outra confusão: vários marmanjos espancando uma garota chinesa (Alice Tseng). Juntos colocam os maus elementos para correr e salvam a menina.

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A garota mal tem tempo de descansar e é atacada por um grupo de ninjas, enquanto tomava banho. O motivo do ataque? Apenas por estar no lugar errado, na hora errada. Completamente nua ela enfrenta os ninjas bravamente, numa bela sequência que antecipa em quase duas décadas cena semelhante exibida no seriado “Marco Polo” (Netflix). Na realidade “Ninja: The Final Duel” também não inventou tal situação. Em 75 “The Vixens of Kung Fu (A Tale of Yin Yang)” já mostrava mulheres nuas lutando, mas isto é assunto para outra hora.

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Finalmente o ataque dos ninjas ao monastério começa. Com golpes de espada vários monges são aniquilados de forma sangrenta. O líder dos ninjas é uma figura caricata, que toca flauta, possui poderes hipnóticos e gargalha após cada frase de efeito. Quando pensamos que não há mais nada que possa nos surpreender, surge um novo personagem: um monge negro do Harlem, interpretado por Eugene Thomas. Em 99 Rudy Ray Moore editaria “Ninja: The Final Duel” com nova dublagem e enxerto de novas cenas, com o personagem de Thomas virando “Tupac”, na picaretagem blaxploitation “Shaolin Dolemite”!

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De volta ao filme: a coitada da garota é atacada novamente, desta vez pelos ninjas-tigres, e acaba decapitada! Tupac encontra o corpo e o crema, num ritual budista. Nisto, Wang fica sabendo do ocorrido e surta. Ao encontrar o monge negro fazendo churrasco do cadáver julga erroneamente que o mesmo a matou, e caem na porrada! A pancadaria come solta até a chegada de um monge que explica o imbróglio. Agora todos tem motivo de sobra para enfrentar os ninjas assassinos…

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“Ninja: The Final Duel” é uma produção taiwanesa, cujo responsável, Robert Tai, também é ator e coreógrafo de lutas. Dos oito filmes que assinou como diretor, três são de ninjas. Os outros dois são “Máfia vs. Ninja” (lançado no Brasil como “Ninja – A Morte Negra”) e “Shaolin vs. Ninja”. São produções baratas, mas de ação incessante, cujo exagero é compensado pela criatividade, ou simplesmente ousadia, das cenas de luta. E não é todo dia que temos a oportunidade de ver tanta bizarrice reunida num filme só!

Por Heráclito Maia

Trailer:

Cartaz japonês:

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